- Evidenciador ,
- 17 nov 2025
Editorial – Inteligência Artificial e desenvolvimento: quando a cidade precisa decidir se quer ser passageira ou protagonista
O discurso recente do governador Tarcísio de Freitas sobre o papel da inteligência artificial na atração de investimentos e na geração de empregos de alta qualificação trouxe um alerta poderoso: São Paulo tem potencial para liderar a nova economia, mas essa liderança depende de visão, preparo e coragem para transformar. Essa mensagem não pertence apenas às grandes capitais. Ela dialoga diretamente com cidades do interior como Osvaldo Cruz, que precisam decidir se querem assistir ao futuro acontecer ou participar dele de forma ativa.
O governador destacou que o estado terá demanda por centenas de milhares de profissionais qualificados em tecnologia nos próximos anos, especialmente nas áreas de inteligência artificial, computação em nuvem e automação. Isso representa oportunidades reais para jovens, empresas e para o próprio desenvolvimento regional. Mas essa oportunidade não é automática. Ela exige preparo, qualificação e, principalmente, liderança.
E aqui está um ponto essencial: nenhuma cidade avança se seus líderes, públicos ou privados, não tiverem visão de futuro. Em qualquer empresa, quando o CEO não acompanha as mudanças do mercado, quando perde a capacidade de liderar a transformação, o conselho demite. Não por punição, mas por necessidade. Em gestão pública, embora a lógica formal seja diferente, o princípio é o mesmo: quando quem deveria conduzir o futuro não enxerga para onde o mundo está indo, a cidade inteira corre o risco de andar para trás.
Osvaldo Cruz já possui iniciativas concretas que dialogam diretamente com o que Tarcísio defende. Existem hoje programas de formação tecnológica que já qualificaram centenas de jovens para áreas como computação em nuvem e carreiras digitais. Há também projetos que levam capacitação profissional a adolescentes e jovens adultos em escala significativa. E a cidade já sediou três edições de eventos de inovação com foco no agronegócio, fomentando soluções tecnológicas para desafios regionais. Esses são sinais claros de que a transformação já começou. A base está formada. O movimento existe. A semente foi plantada.
Mas nenhum ecossistema de inovação floresce sozinho. Toda iniciativa privada, associativa ou comunitária precisa de um elemento essencial: apoio institucional. Não apoio financeiro necessariamente, mas apoio estratégico, visão conjunta, articulação política e capacidade de criar ambiente favorável para que essas iniciativas cresçam. Cidades que prosperam na nova economia são aquelas onde poder público, empresários, escolas, associações e líderes comunitários trabalham na mesma direção. Onde o governo municipal entende que seu papel não é impedir, atrapalhar ou assistir de longe, mas potencializar.
A inteligência artificial não é apenas uma tecnologia. É um divisor de águas econômico e social. Ela redefine empregos, cria novas profissões, aumenta a produtividade e transforma setores como saúde, educação, agricultura e indústria. Em cidades do interior, essa revolução reduz a distância entre metrópoles e municípios menores, oferecendo oportunidades de carreira antes impossíveis. Mas isso só acontece quando existe ambiente, qualificação e visão.
Osvaldo Cruz está diante de uma escolha histórica. A cidade pode assumir seu papel na nova economia, aproveitando iniciativas já existentes, formando jovens, atraindo empresas, modernizando processos e criando uma cultura de inovação. Ou pode optar pelo caminho mais fácil, o de esperar, observar e torcer para que algo aconteça. Mas o futuro não abraça quem espera. Ele abraça quem constrói.
E para construir, é preciso que cada liderança, política, empresarial e comunitária, faça sua própria reflexão. A pergunta não é “o que o mundo pode fazer pela nossa cidade?”, mas “o que nossa cidade está disposta a fazer para estar no mundo que está chegando?”. Visão de futuro não é discurso. É decisão diária.
A mensagem é clara: o estado está avançando, a tecnologia está avançando, o investimento está avançando. E Osvaldo Cruz já provou que tem capacidade de acompanhar. Agora, falta apenas uma peça essencial: que todos os líderes tenham coragem de assumir que o futuro exige preparo, apoio e, acima de tudo, liderança que realmente enxerga adiante.
Quem não olhar para isso agora corre o risco de ser lembrado como quem ficou parado enquanto o mundo se movia. Quem agir hoje será reconhecido como quem preparou a cidade para os próximos 20 anos.