Novo IR libera até 34 bi, mexe no PIB e pressiona inflação em 2026


O aumento da faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) e os descontos para quem ganha até R$ 7.350 terão impacto no PIB (Produto Interno Bruto) e na inflação em 2026, ano em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentará reeleição.

As estimativas de economistas indicam que o efeito será de até 0,3 ponto percentual (p.p.) no crescimento econômico de 2026 e de até 0,2 p.p. no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O BC (Banco Central) disse, na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que passou a incorporar uma “estimativa preliminar” do efeito das alterações da lei para as decisões de política monetária. A SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda tem estimativas otimistas para a economia de 2026: crescimento de 2,4% do PIB; inflação de 3,5%. O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, não disse qual seria o efeito das novas regras do IR no PIB e IPCA, mas que o impacto estava incorporado nos números. Os agentes financeiros têm perspectivas diferentes para a economia brasileira em 2026.

MAIS DINHEIRO PARA CLASSE MÉDIA A medida do IR deverá injetar de R$ 28 bilhões a R$ 34 bilhões no orçamento das famílias de classe média, segundo os economistas. Há diferentes formas para calcular como esse dinheiro será utilizado. Há quem defenda que haverá um repasse quase que direto para o consumo, enquanto outros avaliam que parcela dos recursos será poupada.

Rodolfo Margato, economista da XP, diz que o aumento de renda disponível às famílias será em torno de R$ 30 bilhões. Segundo ele, a medida é neutra do ponto de vista das contas públicas, mas as famílias de classe média que pagarão menos têm histórico maior de comportamento de consumo.

“A literatura econômica traz parâmetros ao redor de 0,7, ou seja, 70% da renda extra seria direcionada para consumo. É o parâmetro que nós consideramos nas nossas análises”, diz Margato. O economista afirma que o incremento de renda às famílias de classe média impacta o crescimento do PIB do próximo ano em 0,3 ponto percentual. Margato estima crescimento de 1,7% no PIB do próximo ano.

Ele diz que o impulso de renda tem impacto direto nos gastos pessoais, como venda de supermercados, alimentos, bebidas, artigos farmacêuticos e outros do comércio varejista. O economista diz que 80% dos pagadores de impostos brasileiros terão algum tipo de desconto no pagamento de Imposto de Renda. O efeito na inflação será pouco menor que a metade: 0,13 ponto percentual. A XP estima taxa anualizada de 4,20% no IPCA do próximo ano.

“Do 4,2% de IPCA geral, nós temos 5,3% para a inflação de serviços, que é o componente mais sensível ao mercado de trabalho e a essas medidas de renda. É um componente que roda acima do 4,5% [do limite da meta]”, afirma Margato


INFLAÇÃO E CRESCIMENTO

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na 3ª feira (11.nov.2025) que a inflação mensal de outubro foi de 0,09%, enquanto o mercado tinha mediana de 0,16%. A taxa anualizada –acumulada em 12 meses– foi de 4,68%, abaixo da projeção mais otimista obtida pelo Poder360.
A meta de inflação é de 3%, com tolerância de até 4,5%. A mediana das estimativas dos agentes financeiros indica uma taxa acumulada de 4,20% no próximo ano, mas parte dos economistas avalia que será maior. O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou na 4ª feira (5.nov.2025) a manutenção da taxa básica, a Selic, para 15% ao ano. Afirmou ainda que ficará neste patamar por “período bastante prolongado”.

 

Autor da matéria: Jaqueline Piva
Fonte: Poder 360

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