Chuvas afetam fase final de safras no RS; fábricas suspendem atividades


Chuvas no Rio Grande do Sul. Foto: Gustavo Ghisleni / AFP

As chuvas no Rio Grande do Sul trouxeram prejuízos para lavouras de soja, arroz e milho, ainda que a maior parte das áreas já tenha sido colhida no estado, enquanto há preocupações com a qualidade e volumes das safras remanescentes nos campos, afirmaram integrantes do setor agrícola nesta quinta-feira (2).

O grande volume de chuvas já causou a morte de pelo menos 24 pessoas, levando o estado a decretar estado de calamidade pública.

“As chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul já vêm causando inúmeros transtornos e prejuízos (…) perdas nas áreas de soja, milho e arroz e outras culturas, mas também transtornos no meio urbano, já que muitas estradas estão bloqueadas”, disse o agrometeorologista da Rural Clima Marco Antônio dos Santos, em boletim nesta quinta-feira.

Os prejuízos na zona rural só não são maiores porque o estado já colheu a maior parte das lavouras de soja, arroz e milho da temporada.

O Rio Grande do Sul, a despeito das chuvas, caminha para ser o segundo produtor de soja do Brasil na safra 2023/24, atrás de Mato Grosso, após o estado ter sido beneficiado pelo clima em boa parte do ciclo.

Até quinta-feira da semana passada, o Rio Grande do Sul havia colhido 66% das áreas de soja e 82% das de milho, segundo dados da Emater, que ainda não atualizou os números desta semana. Produtores de arroz do Estado, o maior produtor brasileiro deste cereal, tinham colhido 78,76% das áreas até a semana passada, segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Segundo Santos, da Rural Clima, nos próximos dias continuará chovendo em grande parte da metade norte do Rio Grande do Sul, além do extremo sul de Santa Catarina.

“Essas chuvas muito volumosas e sem intervalo com sol para colher sempre acabam trazendo prejuízos na questão da qualidade”, disse o analista da AgRural Adriano Gomes.
Segundo ele, a porção noroeste do Rio Grande do sul já está com a colheita na reta final, enquanto na parte ao sul há mais áreas por colher, “e é onde a preocupação é maior nesse momento”.

“Claro que quem ainda tem soja na região noroeste para colher acaba sendo prejudicado, mas boa parte já foi retirada do campo antes dessa onda de chuva mais recente”, pontuou.

Um corretor de grãos em Passo Fundo disse que cerca de 40% da soja ainda não foi colhida no sul do Rio Grande do Sul, enquanto no norte cerca de 80-90% da safra já foi colhida.

Antes das chuvas, a produção de soja do Rio Grande do Sul estava prevista para crescer quase 70%, para cerca de 22 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em dado do mês passado. No milho, a safra estava estimada em mais de 5 milhões de toneladas, alta de 37,5%, com o Estado se recuperando da seca da temporada passada.

No final de semana, as chuvas diminuem, dando uma trégua entre domingo e segunda. Porém, disse o meteorologista da Rural Clima, uma nova frente fria deve se formar no Sul entre 6 e 7 de maio, e a partir do dia 9 novas chuvas estão previstas para o Rio Grande do Sul.

Impactos na indústria

A chuva também afeta a indústria gaúcha. A Randoncorp (RAPT4) e sua controlada Fras-le (FRAS3) anunciaram nesta quinta a suspensão de suas operações em algumas de suas fábricas no Rio Grande do Sul, pelo menos até o dia 5.

“Os impactos, inicialmente mapeados, referem-se a interrupções logísticas relativas ao transporte de pessoas e de cargas no RS. A companhia está tomando as medidas necessárias para adequar suas operações a esse cenário, priorizando a segurança dos seus colaboradores e familiares”, afirma a companhia.

Autor da matéria: Jaqueline Piva
Fonte: InfoMoney

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