- Evidenciador ,
- 20 ago 2025
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está no Brasil nesta segunda-feira, em uma visita considerada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma retomada das relações com o país vizinho após anos de desgaste.
A agenda inclui uma reunião privada entre Lula e Maduro no Palácio do Planalto, um encontro ampliado, com a presença de ministros, uma cerimônia de assinatura de atos entre os dois países e um almoço, previsto para começar no início da tarde.
O líder chavista chegou a Brasília na noite de ontem, acompanhado da primeira-dama venezuelana, Cilia Flor, e foi recebido no aeroporto pela secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, a embaixadora Gisela Padovan.
Ao desembargar, Maduro agradeceu à “calorosa acolhida” e afirmou que veio ao Brasil para promover uma agenda diplomática que reforce a “união dos povos do continente”.
A visita de Maduro, que não vinha ao Brasil desde a posse de Dilma Rousseff em 2015, foi criticada pela oposição ao governo Lula. Nas redes sociais, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro chamaram o líder venezuelano de “ditador” e disseram que o petista está apoiando uma “ditadura comunista”.
Nicolás Maduro é atual presidente da Venezuela. O político foi eleito vice-presidente na chapa liderada por Hugo Chávez nas eleições de 2012 e acabou assumindo a presidência interinamente no mesmo ano, devido ao grave estado de saúde do líder chavista.
Com a morte de Chávez em março de 2013, novas eleições foram convocadas na Venezuela e vencidas por Maduro. Cinco anos depois, em 2018, o líder venezuelano foi reeleito em uma eleição polêmica, não reconhecida pela oposição e por grande parte da comunidade internacional.
O governo de Maduro é marcado por um declínio socioeconômico que fez a Venezuela enfrentar uma das maiores crises de sua história e pela adoção de medidas autoritárias, como a prisão de opositores, para consolidar o chavismo no poder.
Em 2018, a eleição de Maduro não foi reconhecida pelo então presidente Michel Temer. O Brasil passou a integrar o chamado Grupo de Lima, um fórum integrado por países da reunião para tentar encontrar uma solução pacífica para a crise política da Venezuela.
Com a chegada de Bolsonaro ao poder em 2019, o Brasil reconheceu o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente legítimo da Venezuela, um movimento iniciado pelos Estados Unidos, e editou uma portaria proibindo a entrada de autoridades do alto escalão do país vizinho, entre eles Maduro, no território nacional.
Após a vitória de Lula nas eleições do ano passado, a vinda de Maduro ao Brasil para a posse do petista chegou a ser especulada, mas acabou sendo descartada. Em março, o assessor especial da presidência, Celso Amorim, foi a Caracas para o primeiro encontro de alto nível com o governo chavista.
O líder venezuelano está no Brasil para participar de uma reunião com os presidentes dos 12 países da América do Sul, proposta pelo presidente Lula. Na ocasião, o mandatário brasileiro deve propor a criação de um mecanismo de integração, que poderia ser um organização regional ou um fórum de debates.
A presença de Maduro no país foi aproveitada para que Brasil e Venezuela avancem no processo de “normalização das relações bilaterais”, segundo o Ministério das Relações Exteriores. Na pauta do encontro de hoje estão, por exemplo, a reabertura das respectivas embaixadas e de setores consulares fechados nos últimos anos.
“Será ocasião, também, para que os presidentes conversem a respeito dos processos de diálogo interno na Venezuela, com vistas à realização das eleições de 2024”, informou o Itamaraty em nota.
A agenda prevê um encontro fechado de Maduro com Lula. Na sequência, a reunião será ampliada, contando com a presença de outros representantes da comitiva Venezuela e do governo brasileiro. Os dois líderes, então, assinam atos conjuntos e, depois, seguem para um almoço no Palácio do Itamaraty.
Na primeira conversa entre os governos dos dois países, segundo noticiado pelo jornal “O Globo”, Amorim conversou com Maduro sobre a situação política em Caracas, a importância das eleições presidenciais de 2024, além de temas da relação bilateral, como a dívida de US$ 1 bilhão que a Venezuela tem com o Brasil.