- Evidenciador ,
- 19 nov 2024
O Brasil é globalmente reconhecido como uma das maiores potências do agro mundial, liderando produções e exportações de commodities como soja, milho, algodão, entre outras. Apesar disso, muitos brasileiros se perguntam por que os preços dos alimentos são altos em alguns momentos.
Um dos principais fatores que afetam o preço é a inflação. Custos de produção como energia, combustível e logística são contabilizados no preço final dos produtos. Em momentos de alta inflação, o poder de compra da população diminui, enquanto os custos de produção para o agricultor aumentam, trazendo maiores preços ao consumidor final.
Para mensurar a inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é uma importante referência, e o preço de alimentos e bebidas tem grande peso em seu cálculo (19,3%). O indicador tem como objetivo abranger 90% das pessoas que vivem nas áreas urbanas no país e o alvo do método são as famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos.
Um dos principais componentes do custo de produção de um alimento é a logística e transporte, especialmente em um país da dimensão do Brasil, em que a dependência do transporte rodoviário para a distribuição é grande. De maneira geral, grãos como trigo, arroz e feijão são produzidos de forma predominante na região Sul do Brasil; a soja, o milho e o algodão, no Centro-Oeste e no Nordeste; e as frutas, o açúcar, o etanol, a laranja, na região Sudeste. Isto requer grande fluxo para as diferentes regiões do país, lembrando que a infraestrutura logística carece de muito investimento, com a falta de ferrovias, estradas sem asfalto, portos sobrecarregados e outros gargalos no escoamento.
Nos últimos anos, o agro brasileiro especializou-se na produção e exportação de produtos agrícolas, como a soja e o milho. Esse processo, conhecido como “comoditização”, tem direcionado parte das terras agrícolas para produção dessas culturas, o que proporciona geração e distribuição de renda para a economia local, contribuindo para desenvolvimento de regiões que, até então, sofriam com desemprego e pobreza.
No caso de alimentos básicos como o arroz, o feijão e o trigo, o Brasil praticamente não exporta estes produtos, e alta nos preços tem relação com a nossa necessidade de importar, pois muitas vezes não são produzidos em quantidade suficientes internamente, por conta de limitações de clima, solo e variedades; ou mesmo pelo uso de áreas para produtos que trazem mais rentabilidade ao agricultor e geram mais desenvolvimento regional.
Outro fator que impacta na dinâmica das exportações (e nos preços finais dos alimentos) é a negociação em dólar, tornando o mercado externo mais atrativo e rentável para o produtor. Assim, em períodos de valorização do dólar frente ao real, o produto brasileiro se torna mais competitivo internacionalmente. Por outro lado, como boa parte dos insumos produtivos (fertilizantes, defensivos e outros) são importados, a alta no dólar gera aumento nos custos de produção dos alimentos, impactando, dessa forma, nos preços finais.
Pode-se constatar que, embora o Brasil seja um grande produtor e exportador de alimentos, a realidade do mercado interno ainda é diferente em razão de fatores como: desvalorização do real, altos custos de produção, dependência de importações e o impacto da inflação no poder aquisitivo do brasileiro. Pensando em soluções para uma dinâmica de preços mais igualitária e estável, pode-se mirar maiores incentivos para os produtores responsáveis pela produção de alimentos essenciais, como linhas de crédito com taxas de juros diminuídas; investimentos em infraestrutura logística visando reduzir os custos com transporte. Essas iniciativas podem contribuir para diminuirmos a taxa de insegurança alimentar em nosso país por meio de um agro cada vez mais sustentável na esfera social.