- Evidenciador ,
- 19 nov 2024
O que seria da inteligência sem a mística das emoções, das abstrações, percepções, intuições?
A materialidade dicotômica é o indício do predador pragmático, resumo do dito “O homem é o lobo do homem”, ou seja, um ser do presente, sem passado ou futuro, aquele ser “jogado no mundo”, o ser bumerangue entre o ente e o nada do existencialismo moderno.
Hoje o verbo é dividir, usado de forma destrutiva para somar ao nada, ficar na ilusão de algo imaginário de ter, porém do predador do outro, ou seja, fazer do outro seu escravo, máxima do conto da cigarra e a formiga.
Há séculos a humanidade está entre a razão e a emoção no sentido metafísico da subjetividade, porém algo gerou um vazio no interior do ser, que de forma insaciável não preenche, nada satisfaz colocando a culpa na família que o gerou.
Norteando o ser como se não tivesse um histórico na evolução, nascemos pronto para desconstruir e dar nova roupagem na ilusão utópica para enganar a vida.
Perdemos a existência ou a negamos, pois assim é mais fácil explicar o nada que sou, abjeta vida não vivida, autofagia contagiante do negacionismo, contrariar jamais, pois será cancelado do sistema.
O que é a razão?
Senão uma forma de olhar a vida a partir do que vê ou raciocina em nome do racional, porém uma visão homogênea das coisas, sempre atrelada a um condicionante, portanto um olhar coletivista, aquilo que Ortega y Gasset (2016), chama de massificação ou homem massa, um ser imanente angustiado sem esperança, sempre em busca de notoriedade como ideal, assim sair da suposta insignificância.
O racionalismo, assim como o relativismo se relaciona com o absolutismo da materialidade das coisas, seu contraditório é a mística da metafisica, esta por sua vez, heterogênea, incondicional, porém singular, cada unidade com seu valor intrínseco de possibilidades, portanto passível de existência, por sua vez transcendente. (SANTOS, 1961).
Veja, quando falamos de tempo e espaço, qual é seu significado próximo do real, sendo o espaço uma abstração matemática, sujeita a comparação entre o finito e o infinito do pensar. O Tempo, uma memória, registro do cérebro entre o passado, presente e futuro, portanto, lembranças de experiências atreladas ao tempo, criação do imaginário humano, portanto metafísico.
Porém, o tempo não existe apenas uma ilusão como marco nos registros das memórias ontológicas, passadas como heranças genômicas, pela filogenética, que nos dá o sentido de existir.
O que seriamos sem os registros das memórias?
Daí, a necessidade da mística, pois esta nos dá o norte de continuidade evolutiva, dinâmica no sentido de viver para renascer, cuja emoção nos faz sentir que somos integrais e não seres fragmentados em partes, cuja neurociência hoje, diz da plasticidade cerebral.
Portanto, caem por terra os fisicalistas resistentes do começo do século XIX, absolutistas, perseguições pelas não mudanças, para não abalar sua zona de conforto e poder.
O corpo é o nosso sensório, toda composição orgânica é o sentido de organismo, constituído pelos movimentos evolutivos de milênios, nada espontâneo como querem os pragmáticos discursos de trazer o paraíso de volta a partir da terra, ou seja, do imaginário retorno através da dialética materialista.
O materialismo dialético parte da premissa da palavra, esta por sua vez elaborada, advento posterior ao pensamento, este por sua vez do ato reflexo que antecede ao movimento, pois a necessidade de sobrevivência de forma pulsional nos trouxe até aqui.
A escrita sacramenta a mentira, torna-se a verdade pelos registros, a elaboração da mesma parte da fala, até então não regulada pela linguística normatizada por regras, assim apaziguar a torre de babel.
Assim sendo, urge a necessidade do apaziguamento entre a matéria e o espírito, o binarismo entrava com o Oroboro do contraditório, assim como a trinário da tese, antítese e síntese do espírito absoluto Hegeliano. Pois não se finaliza, sempre depois de uma síntese, outra tese surge, sequentemente para mudanças no pensar e não finaliza de forma absoluta conclusiva, de forma circular na figura do Oroboro engolindo o próprio rabo.
Atingimos o inteligível, portanto todos têm um cérebro dotado de inteligência, para tanto precisamos aprender o despertar do “in” para manifestar o homem de dentro com o homem de fora. Não apenas um símio replicador de falas, retóricas sem sentido, frases construídas sem nexos, doutrinadores de circos de massificação para controlar com novas verdades.
Precisamos sair do infantilismo letárgico para voos tecnológicos de outras inteligências, não há necessidade de artificialismos, pois construiremos réplicas danosas para humanidade, pois são destituídas de emoções.
Bibliografia
ORTEGA Y GASSET, José; A Rebelião das Massas, Vide Editorial, São Paulo, 2016.
SANTOS, Mário Ferreira dos; Filosofia e Cosmovisão, Vol. Editora Logos Ltda, São Paulo, 1961.