O que é ter consciência, além da percepção existencial do tempo e espaço?

Confira a coluna da semana do Psicanalista Pedro Molina sobre o assunto.


Somos seres em transição, ou seja, um momento temporal, herdeiros genômicos de uma espécie em evolução centrada em experiências físicas, cujo respaldo da dualidade amparado pela metafisica na sustentação do ser espiritual, segundo SANTOS (2020, pg. 568), “O homem é apenas um instante histórico do universo, mas as verdades ontológicas, por nós captadas, fogem, alheiam-se, separam-se de toda historicidade”.

Descartes (1956 – 1650), em sua dicotomia estabelece que a substância regesse o material, assim como o imaterial, esse por sua vez não dependente, portanto com a possibilidade de existir por conta própria, pois era apenas uma questão de forma.

Citação de SANTOS (2020, pg. 426), “Tudo quanto é corpóreo tem uma matéria, na qual reside a sua potência de existir. O que a faz existir é o outro que a matéria; é a forma”. E que para Aristóteles (384 – 322 A.C), a forma não define o conteúdo das coisas, como um vaso o que precede é a argila, assim como a substância, mesmo que aparente um nada, sempre há ocupação do espaço em sua metafisica.

Para a filosofia clássica, somos seres finitos contingentes cuja dualidade é intrínseca ao ser e o não ser, portanto, deficiente sujeito a sua condição existencial, cultural e social. Assim sendo, sua realidade, abstrações captadas em sua exterioridade pela iluminação, cujos olhos moldados em sua evolução, assim como a corporeidade adaptada evoluíram para tais funções.

O corpo é a síntese de forma e matéria, assim a corporeidade não é a essência da matéria, pois, o que seria da dimensionalidade se fosse contraditório. Sendo a matéria o receptáculo da forma em sua harmonização universal em dois vetores Yang e Yin (masculino e feminino). SANTOS (2020, pg. 436).

Portanto, nossa sensação de realidade passa por imaginações, ludicidades, fantasias, na formação de princípios, que nos norteiam entre o que se passa pelo homem de dentro e o de fora, arcaica, definido por FREUD (1856 – 1939), em seu sistema consciente e inconsciente, revolucionando com seus pensamentos no enfrentamento do absolutismo e fisicalista das coisas em seu tempo.

Do ponto de vista dos escolásticos, tanto Tomás de Aquino, como Duns Scotus, apud Santos (2020, p. 444), diz: “A matéria é o ser cujo ato consiste em estar em potência em relação a todos os atos”. Portanto a matéria está em ato dentro do contexto da relação entre o infinito e o finito, da máxima da criatura e criador, que para o Tomistas a razoabilidade dizia “que o ato e potência foram criados por um só ato do Ser Supremo”.

Diríamos que, diante de muitos pensadores, tais conjecturas existenciais não há uma pacificação definitiva, porém a neurociência adentrando ao cosmo do cérebro possa dar um norte dentro desse universo, ou seja, a cosmologia cerebral com suas circuitarias neurológicas integradoras, com a ajuda da Antropologia, somadas a Ontologia, dirimir ou acrescentar mais dúvidas a esta pacificação.

Em que pese nossa saída da caverna, a prolongada adaptação à iluminação, carregamos ainda as sombras da ignorância (saber), que por certo a visão de como vemos as coisas é o nortear para existir entre o orgânico e inorgânico em nossa formação. Assim como a ciência, cada vez que aumentam as lentes do microscópio, uma nova revelação se descortina para o conhecimento, concomitantemente ocorre com a Astrofísica.

Assim sendo, a realidade da verdade e da mentira vai se estreitando na dúvida, como a razão (racional) nos levou a ver o mundo de forma homogênea, pensar sempre coletivamente, consequentemente a massificação, com o condicionamento das coisas, adentramos no relativismo da mesma forma, relativizando as classes. Porém, a metafísica, ou seja, o mundo das subjetividades nos resgata com a individualidade, objetivando a singularidade respeitando as diferenças, sem condicionantes.

Bibliografia:

SANTOS, Mario Ferreira dos; Filosofia Concreta, Editora Filocalia, São Paulo, 2020.

Autor da matéria: Pedro Molina

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