ESCOLA JAPONESA EM OSVALDO CRUZ

COLUNA | Tadeu Lassen


Quando Osvaldo Cruz foi fundada com o nome de Califórnia, em 1941, estava em vigor no Brasil um decreto assinado pelo Presidente Getúlio Vargas proibindo o ensino da língua japonesa. 

Mesmo com a proibição, em muitas residências alguns adultos ensinavam, de modo clandestino, a língua japonesa para crianças. Era uma forma de não deixar apagar a chama do que chamavam espírito japonês.

Diferentemente de outros municípios da região, como Tupã, onde essas residências eram denunciadas às autoridades, em Osvaldo Cruz não havia tal sentimento denunciador.

Com o encerramento da Segunda Guerra Mundial em outubro de 1945, por pressão dos militares, Getúlio Vargas foi obrigado a renunciar.

A partir daí, a colônia japonesa teve um pouco mais liberdade para executar o ensino da língua pátria. Porém, existia o sonho de se criar uma Escola Japonesa.

Em 1954, representantes da colônia procuraram o senhor Yzuio Suzuki que era bem relacionado com os brasileiros, no sentido de que fizesse gestões visando a criação da tão sonhada escola. Suzuki propôs que, além do ensino da língua japonesa, também fossem ministradas aulas do idioma português. A ideia não teve o desenlace esperado.

Neste ínterim, em algumas residências, a língua nipônica continuava a ser ministrada, como na casa da família Inoue.

Em 1959, na Igreja Budista, o Reverendo, aos domingos, começou a ministrar aulas da língua nipônica. Também havia outras atividades, como aulas de dança e cantos infantis. A finalidade das ações era a de manter vivas as tradições junto às novas gerações de brasileiros com descendência japonesa.

Diante dessas ações desenvolvidas por ele, lideranças da comunidade nipônica decidiram criar uma associação que pudesse dar continuidade à tradição e cultura do País do sol nascente.

Assim, no dia 25/01/1966, com a participação dos fundadores: Presidente: Toshio Sato, Secretário: João Matushita e demais membros da Diretoria, nasceu a Associação Cultural Nipo-Brasileira de Osvaldo Cruz, entidade sem fins lucrativos, com a finalidade de incentivar o desenvolvimento da cultura em geral, assim como a educação física, recreação, e, particularmente, o desenvolvimento social do município. Diante da iniciativa, concentrou-se as atividades culturais que estavam sendo desenvolvidas na Igreja Budista, nas residências particulares e em outros locais, em um único local, ou seja, na Associação Nipo-Brasileira que fica na Rua Salgado Filho, 354. Em meados do mesmo ano, foi fundado o Centro de Ensino da Língua Japonesa.

O primeiro professor do Centro foi o senhor Mituo Yuassa. A professora Marie Kato foi a que mais tempo lecionou no local, por cerca de 30 anos. Também foram professores Shunpei Yano, Yokota, ambos da cidade de Araçatuba e Yuriko Kataoka, de Bastos. Também veio um professor do Japão que morava no fundo do prédio.

O Centro não aceitava somente alunos de descendência japonesa. Vários jovens brasileiros frequentaram a escola. Pouco tempo antes, na garagem da residência do senhor João Kato, eram ministradas aulas da língua japonesa.

Além do ensino da Língua Japonesa, no local praticava-se tênis de mesa, exposição e cursos de ikebama, incentivo e participação em concursos infantis de desenho, caligrafia e oratória. Também tinham outras ações, como ensino de dança japonesa e atividades como participação em desfiles da cidade. Os concursos eram realizados entre as Associações da região da Alta Paulista. O melhor trabalho participava em São Paulo, da avaliação estadual, sendo que o melhor trabalho era enviado ao Japão.

Em 1989, a menina Francine Stela Takara, então com 5 anos, foi a vencedora na avaliação estadual e teve seu desenho enviado ao Japão.

Na escola, era tradição os alunos, ao final da aula, deixarem limpa a sala de aula, fazendo a varrição, a coleta do lixo, a arrumação das carteiras e apagarem o quadro negro, assim como guardarem os livros e cadernos no armário; todos organizados.

Todo primeiro dia do ano comemorava-se o “oshogatsu” (comemoração da entrada do ano novo) com a comunidade japonesa, onde eram cantados os Hinos Nacionais do Japão e do Brasil.

Em função da baixa procura pelo aprendizado da língua japonesa, provavelmente por conta da ida de dekasseguis de Osvaldo Cruz ao Japão e pela mudança de várias famílias japonesas para outros locais e a escola encerrou as atividades no ano 2000.

Alguns outros dirigentes da escola: Giro Kunyoshi, Shinshu Kunyoshi, Hato San, Giro Nagazawa, Massaaki Kato, Massaru Sasaki, Shuzo Saito, Zenhako Shinzato, Munetaka Furuguem, Hiroshi Nakamoto, Robero Katsuragawa, Tatsuo Takahashi, Tadao Nobuyassu, Takao Mizutani.

         Por Tadeu Lassen

 Fonte: Helena Kato Takara

 

Confira algumas fotos:

Alunas vestida de quimono
Alunas se preparando pra apresentação de dança
Professora Marie Kato com os alunos
Mesa e assento dos alunos da escola

Autor da matéria: Tadeu Lassen

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