- Evidenciador ,
- 19 nov 2024
Há exatos quarenta e dois anos e oito meses, durante um encontro de jovens que, na maioria, eram estudantes do ensino médio, alguém propôs a criação de um Centro Cultural em Osvaldo Cruz.
A proposta caiu como uma bomba, afinal, todos almejavam alguma coisa que movimentasse a juventude, que criasse momentos de lazer e trouxesse cultura para a população. Na mesma hora, o grupo se deslocou ao Ginásio de Esportes, onde o assunto foi melhor discutido. Dali surgiu o nome do Centro. Seria Centro Cultural “Luiz Gonzaga” e que seria necessário promover um grande evento musical para inaugurar as atividades.
À época, o show que estava em evidência era “Vida de Viajante”, justamente com Luiz Gonzaga, o Gonzagão e Gonzaguinha, que estava percorrendo o país, com o grande sucesso. Aprovados os nomes do Centro e do show, partiu-se para a concretização do evento.
Parte do grupo residia em são Paulo e foi esse núcleo que entrou em contato com o empresário da dupla. Aí surgiu o primeiro obstáculo. Para a assinatura do contrato teria que ser dado um sinal e o resto seria pago quando o show terminasse, além de que, o contratante tinha que ser uma pessoa maior de idade. Felizmente, no grupo, tinha um adulto. Este ficou responsável pelo pagamento do sinal.
Foi emitido um cheque com vencimento para alguns dias. Neste intervalo, foi feito um trabalho de coleta de dinheiro e o arrecadado serviu para o pagamento do sinal e o show foi marcado para o mês de julho.
Acredito que nenhum dos membros tinha noção exata de tamanha responsabilidade. Afinal, só eram jovens idealistas. Dava a impressão de que tudo não passava de uma brincadeira e foi muito rápido o que tudo aconteceu.
A notícia da realização do show gerou muita expectativa. A região não estava acostumada a assistir a um evento daquele porte.
Com o passar dos dias, novas pessoas foram se juntando ao grupo. Eram adultos que já tinham uma profissão e muito contribuíram para o sucesso da empreitada.
Foi elaborado o estatuto e o seu registro em cartório. Também foi eleita uma Diretoria. A partir daí, cada membro assumiu uma tarefa.
Aí surgiu outro obstáculo: naquela época, o time de basquete estava no auge, participava da divisão principal de basquete do Estado. Vinham grandes equipes com jogadores que já vestiam a camiseta da seleção brasileira como Oscar, Marcel, Carioquinha, Adilson, Hélio Rubens, Robertão, Fausto, Fransérgio, Totó, Marquinhos, Israel, Maury, Ubiratã e tantos outros.
Só o time de basquete podia usar o Ginásio de Esportes. Tivemos que pedir permissão ao dirigente máximo do time para que o show pudesse ser realizado ali. No primeiro contato, o dirigente negou o pedido. Segundo ele, o evento iria estragar o piso da quadra.
Depois de muita conversa, ele deu a permissão, desde que se forrasse o piso da quadra com encerados. Foi uma corrida pelas propriedades rurais com o intuito de emprestar os encerados.
Quando os ingressos foram distribuídos aos membros, nos primeiros dias, as vendas foram diminutas. Aí começou a bater o desespero.
Um grupo de empresários vendo a situação, se dispôs a ajudar, contribuindo com uma certa quantia em dinheiro. Isso deu uma tranquilizada no grupo.
Um empresário do ramo de tecidos e confecções emprestou a perua Kombi que pertencia ao estabelecimento para que o grupo pudesse sair vendendo ingressos pelas cidades da região.
À medida, que o grande dia ia se aproximando, a venda de ingressos ia aumentando.
Outro empresário cedeu a madeira para a construção do palco.
Dias antes do evento, o Papa visitou o nosso país e uma das suas visitas foi à Fortaleza, onde, antes da missa, o cantor Luiz Gonzaga cantou duas músicas para à Vossa Santidade, uma delas foi Asa Branca, grande sucesso do seu vasto repertório. A televisão transmitiu para todo o Brasil. Isso fez com que a venda de ingressos para o show aumentasse consideravelmente.
Enfim, chegou o grande dia! O coração batia acelerado. A noite estava linda. O público foi chegando. Mais de 3.000 mil pessoas se fizeram presentes. O show foi maravilhoso!
Após, os cantores se reuniram com os membros do grupo em uma sala do Ginásio para um bate papo.
O show “Vida de Viajante” foi um evento que marcou a cidade e a região. Se não foi o melhor, foi um dos melhores já acontecidos em Osvaldo Cruz.
O Centro Cultural “Luiz Gonzaga” existiu por mais um ano, promovendo várias atividades tanto em nossa cidade como na região.
Seu fim se deu por conta de que os membros do grupo concluíram o ensino médio e foram embora da cidade para estudarem. Com isso, não houve renovação nos seus quadros e o fim aconteceu.
Foi uma pena que isto tenha acontecido!
POR TADEU LASSEN